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Miudinho

Miudinho

Recém nascido, já foi abandonado
Moreno de pele e franzino de corpo
Desde cedo aprendeu a ser rejeitado
Deixado sozinho, na guia da rua, ao léu
Chorava de sede e de fome, precisava de atenção
Distraia-se por hora com as estrelas que brilhavam no céu

Encontrado por um anjo mal, a Tia Imaculada
Ninou-o aquela noite, deu-o de comer
Nada muito diferente do que ela estava acostumada
Com ela, ele teve um aconchegante lar,
a beira da calçada, debaixo da ponte
Um excelente lugar para uma criança morar

Vivia com meninos e meninas de diferentes idades
Não tinha ninguém acima de oito anos
Depois de grande eles perdiam a utilidade
Ele fez muitos amigos naquela morada
Apelidaram-no de miudinho
Pois era o menor de toda a molecada

Uma meninada só, dormiam todos em retalhos
Brincavam de amarelinha, esconde-esconde e pega-pega
Mas só depois do trabalho
Durante o dia, iam todos para os semáforos da redondeza
Pediam dinheiro para todos os carros
Se voltassem de mãos vazias, sem comida sobre a mesa

Miudinho tinha algo diferente das outras crianças
Fazia malabarismo com dois limões
Davam-no dinheiro com dó e um pouco de esperança
Ele tratava os limões com muito carinho
Dormia com eles para nunca os perder
Para onde os limões iam, ia também o miudinho

Certo dia um limão escapou de sua mão
Ele foi rolando rua abaixo e miudinho atrás
Não ouviu o grito: Cuidado, caminhão
Tarde demais, acostumado a ser deixado de lado
O limão também o deixou
Mas agora ele é quem deixa esse mundo, coitado.

Dárcio A.B. Lazzarini

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